Fumaça e Destruição: O Impacto dos Incêndios em Corumbá

A fumaça e destruição causadas pelos incêndios no Pantanal de Mato Grosso do Sul têm deixado um rastro de devastação na região. [1] [2] Em Corumbá, a capital do Pantanal, a nuvem de fumaça toma conta da cidade, escurecendo o céu e comprometendo a qualidade do ar. [3]

Os incêndios florestais avançam implacáveis pela vegetação pantaneira, consumindo áreas alagadas, destruindo pontes essenciais e ameaçando a vida selvagem local. [1] [2] [3] Dados alarmantes mostram que Corumbá lidera o ranking das cidades brasileiras com mais focos de queimadas, exigindo uma resposta urgente das autoridades para conter a catástrofe ambiental. [3]

Histórico de Incêndios no Pantanal

Os incêndios no Pantanal têm aumentado significativamente nos últimos anos, principalmente devido a causas humanas, sejam acidentais ou criminosas. [4] De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as queimadas na região aumentaram 210% em 2020, em comparação com o mesmo período de 2019. [4] Considerando janeiro a setembro de 2019, foram registrados 4.660 focos de incêndio, enquanto em 2020 foram 14.489 focos, superando o recorde anterior de 12.536 focos em 2015. [4]

Eventos passados

Essas práticas estão ligadas às atividades econômicas da agricultura e pecuária, realizadas geralmente por sociedades tradicionais, indígenas e pequenos agricultores, na tentativa de adubagem do solo por meio das cinzas. [4] No Pantanal, houve avanços nas áreas de plantio e pastagem decorrentes do aumento das atividades econômicas na região. [4]

A origem das queimadas está ligada a pelo menos três fatores: o aumento das atividades agrícolas e pecuaristas, a ação humana ou antrópica, e o clima tropical aliado ao tempo seco. [4] A atividade humana é a motivadora dos incêndios, uma vez que o avanço da fronteira agrícola e da pecuária inicia com o desmatamento de áreas para a formação de pastos, seguido pela queima para a retirada da cobertura vegetal remanescente. [4] Os incêndios na região podem ser considerados criminosos, ocorrendo de forma desenfreada e com consequências drásticas ao meio ambiente. [4]

Tendências e padrões

A ausência de um regime pluvial favorece a propagação e o avanço das queimadas, podendo aumentar os focos de incêndio. [4] Em 2020, já foram registrados mais de 14.000 focos de incêndios na região, tendo como plano de fundo a união desses três fatores. [4]

As queimadas são causadas tanto por processos naturais como por antrópicos, sendo mais comuns as ações humanas para a expansão da agricultura e pecuária, controle de pragas e limpeza de terreno. [4] No Pantanal, o desmatamento para a formação de pastagens ocorre desde o avanço da fronteira agrícola para a região em 1979, com 1% da área desmatada até a década de 1990. [4]

No período das cheias, a situação se intensifica, pois o rebanho fica sem pastos, levando os pecuaristas a formar áreas de pastagens nas regiões mais altas, realizando o desmatamento, incendiando os campos para o enriquecimento do solo com as cinzas, e plantando capim, geralmente braquiária. [4] Dados revelam que, em relação a 2019, os focos de incêndios e queimadas já aumentaram 210% no Pantanal brasileiro, fazendo com que o bioma perdesse 15% de sua cobertura de vegetação original. [4] Fala-se do total de quase 2,2 milhões de hectares queimados no Pantanal, área correspondente a quatro vezes o tamanho do Distrito Federal e semelhante ao tamanho do estado de Sergipe. [4] Mato Grosso e Mato Grosso do Sul perderam juntos mais de 1 milhão de hectares de floresta. [4]

Resposta Governamental

O governo federal e os governos estaduais de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso têm adotado várias medidas para combater os incêndios no Pantanal. [5] [6]

Políticas implementadas

No início de junho, o prefeito de Corumbá, Marcelo Iunes, solicitou ao governador Eduardo Riedel ações mais efetivas para combater os incêndios na região. [5] Diante do cenário preocupante, ele destacou o trabalho das equipes do PrevFogo, do Corpo de Bombeiros e da Marinha, mas cobrou mais estrutura e equipamentos para o combate eficaz às chamas. [5]

Em resposta, o governador Eduardo Riedel assinou um decreto de Situação de Emergência, um passo importante, mas insuficiente segundo o prefeito. [5] O governo federal também anunciou a criação de duas bases para agilizar as ações de combate, uma no quilômetro 100 da Rodovia Transpantaneira e outra em Corumbá, que concentrou 66,5% dos focos de incêndio de janeiro a junho. [7]

Cerca de 500 funcionários do governo federal, apoiados por nove aeronaves, incluindo quatro aviões lançadores de água e um KC-390 da FAB com capacidade para 12 mil litros de água, atuam no combate aos incêndios. [7] O governo federal reforçou a articulação com os Corpos de Bombeiros estaduais e assinou um pacto com governadores pela prevenção e controle de incêndios no Pantanal e na Amazônia. [7]

Coordenação entre estados

Uma sala de situação foi instalada pelo presidente em exercício Geraldo Alckmin em 14 de junho, coordenada pela Casa Civil, Ministério do Meio Ambiente, Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, Ministério da Justiça e Segurança Pública e Ministério da Defesa. [7] Esta sala divulga boletins semanais sobre os combates a incêndios florestais no Pantanal.

Os municípios com reconhecimento federal de situação de emergência podem solicitar recursos do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional para combate a incêndio florestal. [6] Doze municípios de Mato Grosso do Sul obtiveram esse reconhecimento.

O governo federal e os estaduais também realizam oficinas de integração dos planos operativos de combate a incêndios, e um Plano Operativo Integrado será lançado em julho. [7] As ministras Marina Silva e Simone Tebet, juntamente com o governador Eduardo Riedel, visitaram Corumbá para acompanhar as ações integradas de prevenção e combate. [7]

Futuro do Pantanal Pós-Incêndios

Recuperação ambiental

O Pantanal registrou em junho de 2024 2.639 focos de incêndio, superando os piores anos anteriores de 2005 e 2020, com 435 e 406 focos, respectivamente. [8] Esses dados revelam que o bioma já tem o ano com maior registro de pontos de queimadas desde 1998. [8] As queimadas têm uma série de impactos ambientais, como a morte estimada de ao menos 17 milhões de animais vertebrados em 2020, além de danos à fauna. [8]

A queima de vegetação libera estoques de carbono e gases de efeito estufa, afetando o ciclo da água e causando problemas de saúde humana devido à fuligem. [8] Fatores como desmatamento, aquecimento global e atividades degradantes, como incêndios, têm ocorrido simultaneamente, reforçando um ciclo que pode tornar inviável a existência do bioma. [8]

Apesar da situação de degradação similar à Amazônia, projeta-se um aumento de 26% no risco de incêndios no Pantanal nos próximos anos, indicando que o ponto de não retorno pode chegar antes no Pantanal do que na Amazônia. [8] Com a mudança climática cada vez mais presente, eventos como os de 2024 tendem a piorar, exigindo a contratação de brigadistas também no início do ano para combater os incêndios. [8]

Planos de preservação

Mesmo com a proibição do uso do fogo, os incêndios continuam acontecendo, e os indicadores de dificuldade de controle do fogo, que refletem as condições climáticas, são os mais altos já registrados desde pelo menos 2003. [9] É necessária uma campanha de conscientização e responsabilização para os incêndios criminosos no Pantanal e em todos os biomas brasileiros, além de orçamento suficiente. [9]

O governo federal anunciou a criação de duas bases para agilizar as ações de combate aos incêndios no Pantanal, uma no quilômetro 100 da Rodovia Transpantaneira e outra em Corumbá. [7] Cerca de 500 funcionários do governo federal, apoiados por nove aeronaves, atuam no combate aos incêndios. [7] O governo federal reforçou a articulação com os Corpos de Bombeiros estaduais e assinou um pacto com governadores pela prevenção e controle de incêndios no Pantanal e na Amazônia. [7]

Iniciativas como o Projeto GEF Terrestre, a Carta Caiman e a Resolução XII.8 de Ramsar buscam fortalecer a conservação e o desenvolvimento sustentável do Pantanal. [10] O Comitê Nacional de Zonas Úmidas aprovou recomendações para a elaboração da “Lei do Pantanal” e o planejamento dos usos dos recursos naturais na região. [10] As Áreas e Ações Prioritárias para a Conservação visam a tomada de decisão sobre medidas adequadas à conservação, recuperação e uso sustentável de ecossistemas. [10]

Conclusão

Os incêndios que assolam o Pantanal são uma catástrofe ambiental sem precedentes, deixando um rastro de destruição em sua beleza natural. A fumaça espessa que toma conta de Corumbá é um lembrete sombrio dos danos causados pela ação humana descuidada e pelo desequilíbrio climático. Embora os esforços governamentais sejam louváveis, é necessária uma ação mais enérgica e coordenada para conter os incêndios e preservar esse ecossistema único.

A recuperação do Pantanal é um desafio hercúleo, exigindo uma combinação de iniciativas de conscientização, aplicação rigorosa da lei e investimentos em preservação. A menos que medidas drásticas sejam tomadas, o cenário sombrio de um bioma em colapso se tornará uma realidade assustadora. É nossa responsabilidade coletiva proteger esse tesouro natural, não apenas para as gerações atuais, mas também para as futuras. Somente com determinação e ação imediata poderemos garantir que o Pantanal continue a florescer em toda a sua majestade.

FAQs

Qual é a origem dos incêndios no Pantanal?

A maioria dos incêndios no Pantanal começa em terras privadas, e raramente são causados por fenômenos naturais como raios, conforme indicam os dados de monitoramento via satélite de várias instituições que estudam esse bioma.

De que forma os incêndios impactam as comunidades tradicionais do Pantanal?

Os incêndios florestais causam uma devastação extensa, resultando na perda de lavouras e áreas de plantio. Além disso, comunidades inteiras têm sido forçadas a abandonar o uso das águas dos rios, que acabam contaminadas pelas cinzas.

O que fazer em caso de alta concentração de fumaça no ambiente?

Em dias de alta concentração de fumaça, é recomendável lavar as áreas expostas com soro fisiológico para amenizar os efeitos. A população deve ficar atenta a sintomas como dores de cabeça, irritação nos olhos, nariz e garganta, rouquidão, tosse seca, dificuldades respiratórias e cansaço.

Quais são os riscos da exposição à fuligem para a saúde humana?

A exposição à fuligem pode causar sintomas mesmo em pessoas sem doenças pré-existentes, geralmente de forma mais leve, incluindo dor de garganta, tosse seca e nariz entupido. Esses sintomas variam conforme o tempo de exposição ao ambiente contaminado.

Referências

[1] – https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2024/06/incendio-atinge-area-de-encosta-em-corumba-ms-no-pantanal.shtml
[2] – https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia/2024/06/19/ponte-e-destruida-por-incendios-no-pantanal-e-fogo-avanca-para-rodovia-em-ms-veja-video.ghtml
[3] – https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia/2024/06/28/pantanal-fumaca-escurece-ceu-de-corumba-ms-cidade-com-mais-focos-de-incendios-no-brasil.ghtml
[4] – https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/queimadas-no-pantanal.htm
[5] – https://corumba.ms.gov.br/noticias/prefeitura-de-corumba-defende-acao-conjunta-para-combater-incendios-no-pantanal
[6] – https://www.gov.br/mdr/pt-br/noticias/em-corumba-ms-defesa-civil-nacional-avalia-impactos-das-queimadas-no-pantanal
[7] – https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/noticias/governo-federal-cria-novas-bases-para-agilizar-combate-aos-incendios-no-pantanal
[8] – https://www.nexojornal.com.br/podcast/2024/07/02/as-ameacas-ao-pantanal
[9] – https://www.poder360.com.br/meio-ambiente/queimada-no-pantanal-persiste-mesmo-apos-proibicao-de-manejo-do-fogo/
[10] – https://oeco.org.br/wp-content/uploads/2023/05/Plano-Pantanal-17-04-2023-1.pdf

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